Para a especialista em Saúde Pública, enfermeira e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Felipa Rafaela Amadigi, essa estratégia é considerada correta. Isso porque, segundo ela, com a primeira dose, a pessoa já passa a desenvolver uma resposta imunológica.
- Apesar da imunidade, no caso das vacinas com duas doses, ser garantida apenas depois da segunda dose, é importante que a gente faça ações como essa de Florianópolis porque você está garantindo que um número grande de pessoas seja vacinada em um único dia [...] município que recebe dose tem que avançar no processo vacinal, não pode ficar parado - enfatiza.
Além disso, a especialista ressalta que ações como a que ocorreu na Capital não interferem na administração da segunda dose:
- Tanto é que, como exemplo, Florianópolis hoje continua fazendo a imunização com as segundas doses e a vacina das gestantes e lactantes é garantida.
Cidade com o número mais alto de habitantes do estado de Santa Catarina, Joinville também tem feito ações para acelerar a aplicação da primeira dose da vacina contra o coronavírus. Segundo o secretário de Saúde do município, Jean Rodrigues, a estimativa é que até o final desta semana a imunização seja iniciada em 45 mil moradores.
- A gente tem capacidade nominal de 35 mil horários por semana, sem mutirão nas centrais de imunizações ou nas unidades básicas. E se chegam doses a mais, se faz mutirão. Essa semana Joinville fez mais de 45 mil agendamentos de segunda (5) a domingo (11) .
No Oeste catarinense, em Chapecó, mais de 50% da população recebeu ao menos uma dose do imunizante até o momento, segundo a prefeitura. Nos últimos quatro dias, o município fez 12 mil aplicações, quatro mil somente na terça-feira (6). A estratégia do município, assim como ocorre em Joinville, é vacinar somente através de agendamento. A exceção são as gestantes, que podem procurar postos de aplicação a qualquer tempo.
O imunologista Daniel Mansur salienta que a maioria das vacinas disponíveis no país só completam a proteção com as duas doses, mas, ainda assim, também acredita que acelerar o processo de aplicação da primeira é uma boa alternativa.
- Se estivéssemos com o número de casos controlado e em isolamento social (não estamos), acho que dar a primeira dose para o maior número de pessoas poderia ser discutido, mas não parece ser o caso - comenta.
Cidades têm autonomia para decidir
A especialista em Saúde Pública, Felipa Rafaela Amadigi também defende que os municípios devem ter automia para decidir sobre o modelo de aplicação das doses, pois, de acordo com ela, são as prefeituras que conhecem melhor as suas próprias realidades.
- Ninguém melhor que o município, que conhece a realidade de sua população foco. Se o município tem conhecimento sobre sua população e o quanto de vacina vai receber, ele sabe o quanto de estrutura vai ter que montar para garantir a vacinação daquelas pessoas. Portanto, considero uma estratégia acertada, porque de fato são os municípios que sempre executaram o plano e programa nacional de imunização- conclui.